quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Ao som d'Amélie?

É saber que hoje é último dia, é andar nos trilhos de linhas desativadas, é correr e correr. É acordar e perceber que o sol ainda não nasceu, é acordar e perceber que o sol já se pôs. É não ter medo de altura, é… gritar à meia-noite, é pegar o ônibus errado e parar só no final, é saber rir dos próprios escorregões, é comer uma maça no almoço e comer frango frito no café. É andar e andar. É esperar o metrô depois da linha amarela só pra sentir o vendo mais forte quando ele chegar. É cair no chão de rir do Jim Carrey no o mentiroso e chorar com ele no show de thrumam, é ler Nelson Rodrigues antes de dormir e ler Charles Dickens depois de acordar, é calçar um tênis vermelho e outro amarelo. É se divertir olhando para os carros do décimo andar, é chorar na propagando de filtro solar, é… tirar a camisa no meio da rua só pra que vejam a sua tatuagem nova, é desligar o telefone no final de semana, e é desligar o telefone no meio da semana, é cantar no banho, depois do banho, antes do banho… é cochilar a tarde inteira no sofá e sair a noite com as costas doendo. É tomar remédio pra dor de cabeça pra ver se passa a dor nas costas. É andar de cabeça pra baixo às vezes… é “a grande beleza de qualquer coisa”, é ir pra um parque de diversão e ficar na porta do banheiro só pra ver as pessoas entrarem correndo, é gostar de ouvir os passos da mamãe pelo corredor antes de ela abrir a porta e chegar em casa. É pular e pular… é a vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo. É comprar um sorvete sem fazer os cálculos da passagem de volta, é não voltar… é ir… é ficar… é comprar uma bicicleta aos quarenta, comprar um terno aos doze, é vender a casa aos sessenta, é dançar no banheiro de um teatro enquanto o concerto não acaba, é se apaixonar por borboletas, é ter uma mesa de sinuca na sala de jantar, ter um fliperama no quarto, é conseguir ouvir o barulho da água da chuva batendo no telhado, é nadar pelado na chuva, é tomar cerveja no trabalho, é trabalhar na companhia de cerveja, é correr pra pegar o ônibus, é gastar dinheiro com o táxi… é tudo, é nada… é de repente parar e olhar pra cima… é a busca sem fim, é o fim da linha. É hoje, é agora… é o câncer, é a aids. É o papa e é Hitler. É o vendedor de selos, é o fim porque é tudo começo.

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