domingo, 31 de maio de 2009

No seco

Acabou o que havia de interessante. Cá estamos nos de novo, apenas a olhar um para o outro; os seus olhos, a tua boca, tuas bochechas, esse seu nariz espinhento… ainda é um moleque, cheira a novo. Chego ao ponto de me sentir ofendida com tanta juventude que há em você.
Tivemos bons tempos sim, por mais que parecessem breves, foram bons. Não os trocaria por um cigarro; mas agora, não resta quase nada. Pois se houvesse algo de interessante nós não perderíamos nosso tempo a devanear futilidades, não é mesmo? Ah?! Como fomos bons juntos, talvez a melhor dupla nos últimos cem anos, pode imaginar?
Não sei bem como agir, se nos despedimos aos prantos, como nos romances ou se apenas nos despedimos. É necessário que haja despedidas? Você sabe que não fazem muito meu estilo. Sei que não devia me preocupar somente comigo agora; talvez você esteja com uma vontade emergente de me dar um abraço longo, e eu aqui a pedir que apenas se vá sem um forte adeus.

Das coisas em você que eu nunca esquecerei, está este seu olhar profundo, quase misterioso - me sinto dissecada. Não quero encontrar mais ninguém que saiba me revelar assim, sem ao menos uma palavra, pois dessa forma não há defesas que defendam, dessa forma já sabe o que se passa comigo antes mesmo eu própria saber. Sobre os nossos momentos mais íntimos, não quero nunca que você repita as mesmas frases para outra pessoa, mesmo que isso seja inevitável. Sei que daqui partes mais sábio, isso não tem problema, pois a cada novo corpo que você tocar, estará antes em teu toque o meu corpo, mesmo quando dele você nem sequer lembrar.
De tudo, um pouco ficará, e tenho certeza, que logo antes de morrer, coisa de segundos, eu e você, essa nossa história vai assim, sem mais nem menos, de repente rememorar.
Por enquanto sem mais o que dizer, apenas a nos olhar, vamos embora, que melhor hora não sei se chegará.