quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Nem bem, nem mau

Ele deu um grito um grito, mas não foi assim um grito como a gente costuma ouvir, era quase, um meio grito. Aguuudo… quem entende mesmo de grito diria que foi um falsete. E aí tem um coisa engraçada, eu que sempre achei que entendia de grito não vi que ele estava era de estômago vazio. Achei que era só desespero mesmo. Mas pra tudo tem classe, tem nome. Você sabe o seu nome? Ele talvez diga um nome, apenas um nome quando eu perguntar que é ele. Mas um nome? Dois copos quebraram simultâneos a seu grito. As paredes deixaram cair um pedaço da casca que as cobria, mas só um grito? Tem grito que invade e ele nem precisa ser palavra, pode ser somente som. Os cacos dos copos não são do tipo que corta gente não os desses dois copos, mas sim do tipo que reflete a gente, se estiverem quebrados, é claro. E depois desse grito, eu que não entendo de grito achei que ele fosse cair… nos vidros e nas cascas, mas ele correu, não sei se foi dos cacos, e quando eu olhei de novo, lá longe estava ele, mais longe que a distância, quase a perder o tato. E de tato, ah! Com certeza eu não entendo. Só sei que é a mão que nos diz o futuro, talvez nela se possa ver outros gritos, ou talvez o silêncio. O silêncio das mãos, o silêncio dos gritos! Mas ele correu… correu. E eu que também não entendo de corrida vi na corrida dele que era tato que ele queria, mas estava longe, mais longe que a distância. Nem o tato ele podia ter. sei apenas, e isso eu realmente sei, que ele não tem digitais, são somente mãos sem sentido. Tato? O que é T A T O, uma palavra?

domingo, 23 de dezembro de 2007

A gente é obrigado a nascer e morrer

É como uma agulha sem linha que vai furando tudo pelo caminho sem costurar nada! Depois a gente tem que responder pelo que faz! Aí a gente se ferra totalmente se a resposta for "não sei", e quer saber de uma coisa? Não sei! Não faço a menor ideia! Que caia uma bomba em plena praça sete! eu não sei... e isso é real. A gente pode tocar no nosso medo se não tiver medo de saber que ele existe. tudo some ás vezes. Tem um cigarro? Eu estou aqui, perdido no meio do nada, criando uma história de mentira. Sorrindo porque tenho que sorrir, chorando porque tenho que chorar, vivendo porque tenho que viver. Chamem todos os padres, todos os budas, que eles tragam o poder de mil curas! Você sabe onde guarda isso? Não tem cor nenhuma, mas fede feito um pato morto e mal enterrado. E se tem que ser assim que eu não acorde mais, que a busca acabe aqui! É um sim por um não; e toalhas secas, claro, sempre toalhas limpas e secas. E se responde a tudo responde também ao que não pergunta! Eu não quero saber! entende isso? Lá na terra do eu-sou-feliz como as pessoas dizem adeus? Elas cagam lá? Me dá a merda do cigarro! Eu sou fumante, não percebe? Sente o gosto, é o cigarro impregnado nas minhas veias. É a minha alma clamando pelo seu socorro. Acorda! Eu estou num poço tão fundo que a alma pura morreria ao se aproximar. eu sou o pato morto, maldito e acabado. acabado aqui, sem minhas repostas. Porque não é você que responde minhas perguntas. E saiba: Deus não existe mais pra mim, e se isso te mata um pouco, que você fique aos pedaços! Eu sou agulha, entende? Agulha, sem linha!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Cuida de mim?

É cuida de mim, me põe em baixo da sua asa e faz um cafuné. Eu não sei o que eu faria, realmente. É assim, fechar os olhos de novo e acordar no meio do sonho. É tudo para o universo. Quanto tempo se passou? Parece que foi ontem, e a gente ainda era flor fechada. Mas não, está tudo bem, está bem. Eu cuido de você. Deita aqui em baixo da minha asa. Eu vou te fazer um cafuné. Fecha os olhos. Sonhe. Não se assuste. Você está no meio do nada, e no meio de tudo. O sol está brilhante, não tem mais ninguém, é um penhasco, lá em baixo você pode ver o mar batendo pleno na rocha, atrás de você tem outro mar, de montanhas, é só você e Deus pra você! É seu momento, grita, grita pra mim. É o tempo de um soneto, que vai a vida inteira. Talvez a última frase. Talvez o último olhar. Está tudo bem, sinta o cafuné, não se assuste. É só ter calma, não tem sentido nem pra mim... Você é ainda mais sereno enquanto dorme. Está tudo bem. É um intensidade leve, entende? É flor desabrochando. Amanhã é um novo penhasco, e Deus de novo. E assim, por mais mil anos, quanto tempo se passou? cuida de mim? Eu estou com frio. Não sei explicar, talvez seja essa vontade de correr, e de gritar ao mesmo tempo. Me dá seu colo pra eu descansar. Isso, é assim que eu consigo dormir em paz. Quanto tempo se passou?

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Todas as histórias do mundo já foram contadas

Poxa! Eu sou do tempo do Chico sem bigode, da Rita Lee desintoxicada, eu conheci a Elis Regina morta. Não sobraram histórias pra mim. A minha desgraça já é conhecida de qualquer um. A minha mais nova poesia já é velha. Nada de novo. um monte de histórias repetidas. De vagas ideias já pensadas por outras cabeças. De lamentos já vividos por mil…
Meu coração está em frangalhos, minhas mãos tremem à possibilidade de qualquer fracasso, minha cabeça se abaixar com inacreditável facilidade, meus pés fraquejam e eu tenho cada vez mais a certeza de que eu não estou aqui para ser visto. Mas eu preciso disso. Preciso desse momento que sou só eu e a máquina. Uma solidão bem acompanhada. Partindo no meio o medo. Registrando um monte de sentimentos inexplicáveis. Tentando escrever aquilo que não pode ser apagado com meu silêncio. Daí entra a grande questão. Como falar e não ser um simples igual? Se eu me sentir um igual, talvez seja melhor pra mim, mas não consigo parar de fugir disso. É uma busca incessante. É loucura de poucos loucos. Não é igual. Mas já foram contadas, todas, todas.

Uma história sem fim

O outono está cobrindo o telhado de flores mortas. Mas ainda azuis. De longe parece um casa sem telhado, onde as nuvens não chegam. E é sempre assim, primeiro a nossa árvore vai florescendo, crescendo, acordando de um sono sem fim. O nosso jardim é por alguns momentos mais verde que os dos vizinhos, mais bonito. Ela dá a impressão que nasceu pra estar ali naquele dia, cheia de vida e de flores grandes, exalando sua beleza acalmando o nosso quintal, pronta pra ser amada. E por fim chega o outono, que serenamente vai levando a beleza da árvore pro nosso telhado pra mais um sono sem fim. A chuva demora pra vir depois disso. E o telhado continua azul por um tempo, até que aquelas flores mortas se tornem turvas, de longe parece uma casa sem telhado, onde as estrelas não alcançam. É a criatura deixando a sua marca. Ah! Toda minhas lembranças estão ligadas àquela árvore.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

O presente

Construíram um prédio na frente da minha janela. Antes era uma visão daquelas de deslumbrar os olhos. Agora são só janelas. E sempre antes de pegar no sono eu tinha a companhia da cidade inteira, das luzes mais distantes que pareciam estrelas caídas, das luzes mais próximas que não me deixavam pensar que eu estava realmente sozinho. As pessoas me falavam quando eu mudei pra essa cidade grande que aqui ou você encontra com você mesmo ou não encontra ninguém. Eu já tinha encontrado o resto da cidade enquanto ela dormia, mas agora são só janelas. Sequer a luz da lua entra no apartamento mais. Eu estou engolido, girando dentro do estômago de um bicho feito em concreto, pronto pra ser partido em moléculas, abandonado pelo vento. Aqui as pessoas não choram, aqui as janelas não passam de cortinas. Existem quinze milhões de pessoas sozinhas nesse lugar. Pessoas em suas casas, em seus trabalhos, em suas vidas criando histórias de grandes conquistas, passando por cima de túmulos. Fazendo os seus sonhos virarem realidade.
Amanhã eu me formo na faculdade, finalmente. O meu diploma já foi impresso. E será entregue a mim. Talvez eu volte pra casa e dê em um embrulho pra presente a meu pai, não sem antes dar-lhe também um tapa, de mão aberta, na cara. Deixar por pelo menos três, quatro dias, os meus dedos marcados em seu rosto. O que são três dias de marca? Um diploma na parede da sala.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Place to be

"Quando eu era jovem, mais jovem do que antes
Eu nunca vi a verdade esperando na porta
E agora eu estou mais velho, vejo-a face a face
E agora eu estou mais velho, preciso levantar e limpar
o lugar

E eu era mais verde, mais verde que a colina
Onde as flores cresciam e o sol brilhava firme
Agora eu estou mais escuro que o mar profundo
Apenas me segure, dê-me um lugar para ficar
E eu era forte, forte ao sol

Eu pensei que veria que o dia estivesse terminado
Agora eu estou mais fraco que o azul mais pálido
Tão fraco nessa necessidade de correr"




Eu ainda ei de conseguir entender o que correr significa pra mim, obrigado Nick Drake, a sua poesia elucida a minha.

Ao som d'Amélie?

É saber que hoje é último dia, é andar nos trilhos de linhas desativadas, é correr e correr. É acordar e perceber que o sol ainda não nasceu, é acordar e perceber que o sol já se pôs. É não ter medo de altura, é… gritar à meia-noite, é pegar o ônibus errado e parar só no final, é saber rir dos próprios escorregões, é comer uma maça no almoço e comer frango frito no café. É andar e andar. É esperar o metrô depois da linha amarela só pra sentir o vendo mais forte quando ele chegar. É cair no chão de rir do Jim Carrey no o mentiroso e chorar com ele no show de thrumam, é ler Nelson Rodrigues antes de dormir e ler Charles Dickens depois de acordar, é calçar um tênis vermelho e outro amarelo. É se divertir olhando para os carros do décimo andar, é chorar na propagando de filtro solar, é… tirar a camisa no meio da rua só pra que vejam a sua tatuagem nova, é desligar o telefone no final de semana, e é desligar o telefone no meio da semana, é cantar no banho, depois do banho, antes do banho… é cochilar a tarde inteira no sofá e sair a noite com as costas doendo. É tomar remédio pra dor de cabeça pra ver se passa a dor nas costas. É andar de cabeça pra baixo às vezes… é “a grande beleza de qualquer coisa”, é ir pra um parque de diversão e ficar na porta do banheiro só pra ver as pessoas entrarem correndo, é gostar de ouvir os passos da mamãe pelo corredor antes de ela abrir a porta e chegar em casa. É pular e pular… é a vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo. É comprar um sorvete sem fazer os cálculos da passagem de volta, é não voltar… é ir… é ficar… é comprar uma bicicleta aos quarenta, comprar um terno aos doze, é vender a casa aos sessenta, é dançar no banheiro de um teatro enquanto o concerto não acaba, é se apaixonar por borboletas, é ter uma mesa de sinuca na sala de jantar, ter um fliperama no quarto, é conseguir ouvir o barulho da água da chuva batendo no telhado, é nadar pelado na chuva, é tomar cerveja no trabalho, é trabalhar na companhia de cerveja, é correr pra pegar o ônibus, é gastar dinheiro com o táxi… é tudo, é nada… é de repente parar e olhar pra cima… é a busca sem fim, é o fim da linha. É hoje, é agora… é o câncer, é a aids. É o papa e é Hitler. É o vendedor de selos, é o fim porque é tudo começo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

À aqueles dois

Sim, eu estou aqui. Sentado, no escuro. Guardo uma sensação
As pessoas já estão dormindo lá fora, olhem pela janela, está tudo apagado. Se não estivesse tão tarde eu gritaria, sabia? É, soltaria a minha voz.
Não se assustem, apenas continuem. Façam. Isso. É bonito vê-los assim. Me dá força, me dá coragem. Todo o resto não passa de mentira pra mim, as pessoas falando, se cumprimentando. Está me dando raiva. Eu acabo cumprimentando também, está me dando raiva. Eles são infelizes mesmo, não têm nada a dizer realmente. Acho que têm muito a escutar. Vocês já gritaram, quem sabe alguém não ouviu? Eu ainda consigo ouvir. Um dia eu… … eu queria gritar se pudesse, lembra? Não se preocupem com eles, todos são ótimos com as palavras grandes também, mas não passam de palavras. São vocês que me causa vida. Ah! Eu queria que vocês entendessem esse turbilhão. É tudo tão perfeito no mundo dos meus sonhos, quando eu consigo dormir as velhas católicas estão todas mortas, meu pai me ama e faz parte do meu futuro, vocês são felizes, eu sou feliz. E falando de felicidade, quando eu estou dormindo, não existe diploma, não existe casamento, não existe escolas boas, lugares ruins, datas, prazos, validades, nós somos felizes sem essa merda de felicidade que todo mundo diz. Droga! Pra dizer a verdade acho até que vocês são os únicos que podem entender esse turbilhão. Está tudo tão engasgado na minha garganta. Quer sair, mas já é tarde. Tenho a impressão que vou ficar preso nessa cadeira e que ainda terei netos um dia. Olhar pra frente me dá muito medo. No final de tudo eu tenho a estranha sensação que são as palavras grandes somente palavras que ditam a minha realidade, e que eu sou só mais um que não tem força pra ser visto. São eles que falam e eu que escuto, mas vocês estão salvos, entraram na terra prometida. Tentem não estragar tudo. É só olhar com calma para as coisas que não têm calma, cuidem um do outro por mim. Por mim. Guardem sempre essa força por mim. É, eu sei que vou bater na sua porta em algum momento de fraqueza e vocês não estarão mais, não esperem por mim. Eu não tenho força pra me desprender dessa cadeira. Mas também, por favor, não se esqueçam de causar vida. Pra isso é só vocês gritarem. Eu vou ficar aqui tentando levantar… levantar… morrendo… e levantar… ouvindo… engasgado…

Afetuosamente, apenas um.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Pedaços de mim

- Você tem que entender que eu não estou aqui atoa. Deus não brinca assim com os homens.
- Pára com isso, você está parecendo um louco, sabia?
- Sim! É exatamente isso. Um louco. Entregue ao tempo e ao vento. Os meus olhos passam a maior parte do dia abertos, mas isso não quer dizer que eu não estou sonhando.
- Devia parar com isso então, ou pelo menos perceber de fato a realidade. Você sabia que sua vida está passando enquanto você se perde em detalhes?
- Vida! me diga o que é vida.
- …
- É só dizer… grite se puder!
- Você não está ouvindo nada do que eu estou dizendo ?
- O que você está dizendo está longe de você, até eu posso ver!
- Você não sabe o que está falando.
- São apenas palavras perdidas. Não faça isso com você, nem comigo. Não se perca por coisas que não existem. Abra esses olhos de verdade. Olha pra mim, eu estou aqui.
- Eu estou vendo você aí.


- Então quantos dedos tem aqui?
- Não disse? Você está louco, abaixa essa mão. As pessoas…
- Estão passando…
- E olhando.
- Deixe-as ver.
- Ver que você é um louco?
- Ver que eu estou vivo.
- Ok, ok! Tudo bem… Mas você vai ficar bem, ?
- Eu sei o que eu estava sentindo a trinta minutos atrás e sei o que estou sentindo agora. E são coisas assim que me deixam sentir meu coração, e me deixam gritar que eu estou vivo. – Eu estou vivo!
-Pára com isso. Aff... Você não tem jeito. Mas é que... Mas é que existem coisas que não posso explicar. Sei lá… talvez eu apenas não consiga explicar… me promete que vai ficar bem.
- Eu prometo que vou continuar aqui.
- Não faça isso. Assim fica muito difícil pra mim.
- O problema é seu, eu nunca disse que seria fácil. Nem que seria difícil, ou que esse conceito exista entre os homens.
- Mas ele existe, e você está dificultando as coisas pra mim.
- Não posso fazer nada a esse respeito. Posso dizer que vou continuar aqui e o dia que eu parar de sonhar eu vou ser mais triste, e o mundo vai ser mais frio.
- Não exagere.
- Sim. Mais frio.. o mundo fica mais frio com cada homem que se acostuma. E eu não quero me acostumar.
Talvez fugir seja uma forma. Mas eu não quero fugir. Eu quero doer. É bom doer também. Me dá orgulho. É “ser eternamente feliz e profunda mente triste” lembra? É assim que eu sou, com todo o meu dilema e com meu horror. Não quero me afastar do meu drama. Quero chorar com ele.
- A gente vai se ver?
- Que essa noite seja eterna até que eu vá embora. Levo comigo você, nos meus sonhos.
- Isso quer dizer o que?
- Que eu te amo. Mas não importa. Não importa mais. Apenas eu continuarei sabendo disso. E serei feliz quando o choro lavar meu rosto.
E quando as feridas cicatrizarem eu talvez ainda consiga senti-las.
- É uma escolha que eu não consigo entender, mas é a sua vida, você faz o que quiser dela.
- Exato, você mente pra você mesma e eu choro por escolha.
- Eu não minto pra mim!
- Mente somente pra você.
- De novo, você não sabe o que está falando.
- Sei. Você faz as coisas ficarem mais fáceis. Me disse a um segundo atrás que acredita nesses conceitos. E é mais fácil se esconder atrás de mentiras tão bem ditas que até te enganam às vezes, mas nem adianta fingir, você também tem um coração, que bate, e que grita, e que consegue fazer tanto barulho que te faz abrir os olhos e ver que está ficando esgotada de mentiras bem contadas. E por isso que você chora nas horas mais inusitadas. As vezes ele se esguela tanto que nem te dá tempo pra chegar no teu travesseiro.
- Não diga isso! Por favor.
- Eu prometo que vou continuar com a minha passionalidade. E que vou continuar sendo intenso, e se eu me deixar esfriar por algum minuto que seja apenas, é triste não somente pra mim. E eu espero que você consiga perceber que o que você está fazendo é triste não somente pra você, e que o mundo não precisa da sua frieza, que eu não preciso da sua frieza. Mas enfim, esperança é sempre bom ter.
- É assim então? E pronto?
- Acho que sim, ?
- Você vai agora? Fica… mais um pouco.
- Tá bom.


- Quer ver um filme, fazer alguma coisa?
- É um filme é uma boa ideia.
- Eu estou com um ótimo lá em casa, me esqueci o nome, mas sei que é ótimo.
- Perfeito.
- Me espere aqui, volto em uns vinte minutos.
- Te espero…

Te espero até a noite virar dia. E o dia virar noite. Mil e uma vezes se for preciso. Aaaaah! Deus, eu sei que o senhor não brinca assim com os homens. Eu sei!
Sou eu que estarei parado, ? Não posso pensar nisso! Não quero que seja assim. Mas se andar significa matar tudo, eu não ando. Não mato. Eu não gosto muito dessa dor, era mentira. Mas ela tem só um jeito de ir embora. Prefiro nem pesar sobre outras soluções. Me desculpe se eu estou atrapalhando com seu planos. Eu não quero que ninguém mais se afete, mas eu não tenho escolha! Me desculpe.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Que seja de novo eu contra eu mesmo.

Me jogarei em queda livre pelo simples prazer dos ventos.
Por hora não consigo ver mais nada além de chão.
Sigo apagando livros inteiros com um sorriso.
Desprezando meu passado, subestimando meu futuro.

Simplesmente voltar a viajar sem rumo.
Não sei dizer como cheguei até aqui.
Mas que a poeira se levante escondendo símbolos.
E que eu consiga dormir em travesseiros limpos.

Correndo de gente

Eu estou correndo. Eu olho pra trás e vejo tudo que não quero mais. Eu olho pra frente e vejo o infinito. O céu e a curva do mundo. Eu estou correndo. E correndo. Eu olho pra trás e vejo o infinito. O céu e a curva do mundo. Eu olho pra frente e vejo tudo que não quero mais.
Amores são sempre brutos. E “amores serão sempre amáveis”. Eu tenho dois medos, um é de barata. Parece bobo, mas as baratas me fazem correr.
Um dia eu queria me sentar do outro lado do muro. Era só um muro. Subi. Olhei do alto. Olhei pro alto. Não vi nada que eu me importasse. Não senti nada que me marcasse. Desci. Pisei em cacos de gente. Talvez vidro, não me lembro. Chorei e não podia mais correr, não naquele hora. O sangue estava quente. Sentei. Descansei do outro lado do muro. Olhei pra frente e lá estava uma casa abandonada, e só vi cacos de gente. Talvez tijolos, talvez móveis velhos. Não senti nada que possa me recordar. Encostei minha cabeça na parede. Sonhei que tinha dormido, e que tinha sonhando com gente. Talvez pessoas.
Pra merda com o sangue. Pra merda com os cacos. Pra merda com o muro. Agora eu só corro. Do meu medo, talvez baratas, talvez…

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Têm momentos e momentos

Às vezes você começa a sonhar e vai sonhando, sonhando... Aí tem um momento que você confundi os porquês, até que percebe que nunca quis realmente o que estava sonhando, queria mesmo era sonhar.
Gente que acorda cedo dorme de cortinas abertas, e é aí que vem o pior momento: Um raio de sol, bem forte, na sua cama. daí você abre os olhos, nota que estava sonhando e vê que está atrasado pra começar o dia. E é no entardecer que você percebe que o seu sonho de antigamente é a sua vida de agora, mesmo que seja só em alguns detalhes. E eu espero, caro leitor, que você pare de perder a hora e sempre perca a hora quando puder

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Cinzas de Deus

Em um maravilhoso amanhecer de janeiro, extraordinariamente cálido, ele acordou às sete, como de costume. Sempre mantinha-se até as sete e quinze emaranhado aos lençóis, mas especialmente nesse dia, ele demorou um pouco mais quando reparou pela janela como o sol nascia com mais vida que o habitual. Sentia-se bem e despreocupado, contudo, seguiu com seu cotidiano, tomou um banho quente, se olhou no espelho e fez sua barba. Deu bom dia à esposa, acordou os filhos para escola e sentou-se à mesa. Comeu a maçã sempre separada para o desjejum, voltou ao quarto, escolheu o seu terno do dia, beijou a esposa, calçou os sapatos e seguiu viagem. É sempre assim, a mesma rotina, os mesmos horários, o mesmo beijo. A caminho da estação de metrô ao ver um homem de meia idade correndo em volta à lagoa na vizinhança, percebeu que era engraçado ter que usar terno mesmo no verão. Logo se desfez dos pensamentos e andou mais rápido. Ele mora a oito quadras da estação, mas prefere pegar a condução a procurar estacionamento no centro da cidade. Nesse dia alguma coisa tinha saído do seu lugar, ainda a meia quadra da estação, viu o metrô chegando, abrindo as portas e partindo sem ele. Tudo fazia parte de um cálculo preciso, ele em qualquer outro dia estaria naquele trem. Sabia que se atrasaria. Minutos depois ele já sentado a espera do próximo trem, não conseguia parar de lamentar o atraso, repassava mentalmente tudo que lhe acontecera naquela manhã e não entendia porque não estava naquele trem. Chateado pelo impasse ele parou de pensar sobre o verão, o terno, o amanhecer atípico, o corredor de meia idade e se ocupou apenas de frustrações que guardava quanto ao trabalho, quanto ao filho mais velho que não passava de um preguiçoso, quanto à mulher que não o amava como antigamente, quanto carro que estava ficando velho, quanto à estagnação social de sua família, quanto ao vizinho que…

Em um maravilhoso amanhecer de janeiro, extraordinariamente cálido, ele acordou às sete. Como de costume manteve-se até as sete e quinze emaranhado aos lençóis. Sentia-se bem e despreocupado, contudo, seguiu com seu cotidiano, tomou um banho quente, se olhou no espelho e fez sua barba. Deu bom dia a esposa, acordou os filhos para escola e sentou-se à mesa. Comeu a maçã sempre separada para o desjejum, voltou ao quarto, escolheu o seu terno do dia, beijou a esposa, calçou os sapatos e seguiu viajem. É sempre assim, a mesma rotina, os mesmos horários, o mesmo beijo. Ele mora a oito quadras da estação, mas prefere pegar a condução a procurar estacionamento no centro da cidade. Tudo fazia parte de um cálculo preciso. Às oito já estava no trem a caminho do trabalho. Eram exatos vinte minutos até o centro, especialmente nesse dia, esses vinte minutos foram ocupados por pensamentos contestadores. A manhã estava deslumbrante, e ele nunca parava para reparar em coisas tão simples assim, porém tão gratificantes. Mas quando o trem apitou sua parada ele esqueceu das contestações e se ocupou de pensamentos relativos ao trabalho. Desceu a escadaria do ostensivo prédio da estação central de metrô, e com o pensamento distante do que estava acontecendo à sua volta, ao atravessar a avenida que separa a parada de metrô do banco onde ele trabalha, um carro preto desgovernado, que talvez tivesse sido roubado, ou talvez estivesse apenas sendo dirigido por alguém que estava tendo uma manhã ruim...

domingo, 4 de novembro de 2007

O viciado em jogar é também um viciado em perder

É como se eu estivesse a um sopro ---- Eu só me sinto feliz quando chove. Eu só sei dançar com a água ---- a um sopro da queda, a queda eterna, a cura, a maldição. De repente o sopro transformado em vento… Uma quase vida, e eu me dizia: sempre tem o dia de amanhã, é só levar o outro pé, é só não olhar pra trás. E se eu pudesse te dizer só uma coisa… Cuidado com o pôquer! Cuidado com o pôquer!

Ato

Em carne e osso.

Sempre ao som de Beethoven.


Como gosta Almodóvar, a carne trêmula.

Um cavalo selado.

A beleza exalando pelos pêlos.

O grave ditando ordens.

O coração parado.

Com a força das águias.

Com o movimento de montanhas russa.

Sem medo.

Sem laço.

Sempre.

E por fim, réquiem

Café com letras

Eu aqui sentado, na minha frente uma coca-cola com os gelos derretidos, à minha volta algumas pessoas criando suas histórias, e na mira dos meus olhos, o meu passado. É engraçado pensar como as coisas mudam. Um dia você está louco completamente à flor-da-pele, e no outro você não precisa de nada além de uma coca-cola quente.

sábado, 3 de novembro de 2007

Carta de amor (aula de interpretação)

O tempo todo como era o óbvio o contentamento descontente, como era claro o calor que aquece a alma, como ouvidos poderiam ser violados com bobos segredos lindos, e indecentes.
Como eu poderia imaginar, na minha tola experiência, que alguém assim, tão perfeito, tão cheio de forma e graça poderia calçar com tanta precisão o sapato perdido na escadaria da minha desgraça?

Você faz completo o meu caminho. Eu realmente gostaria de saber que movimento pra esquerda ou pra direita fez a gente virar um só. Virar um só. Somos um só. Feitos da mesma essência, da mesma cama, da mesma carne, do mesmo amor. Andamos colados não mais por acharmos ter encontrado a outra metade da laranja, mas sim porque nós somos uma só laranja completa: casca e açúcar. Hoje concordo com toda aquela bobeira adolescente que dizíamos quando tudo ainda era centelha de vida, não mais conseguiria ter que toda tarde ver o sol branco se pôr num mundo de águas cinzas. É assim, com cor, que eu gosto da vida.
Você está me levando pra dentro mim. Sinto um medo envolto por um desejo que me move como paradoxo, mas que me faz descobrir que dentro de mim existe um coração que bate, que é lindo, que tem vida própria e que se ilumina com a sua existência, que vive além da única função de me dar vida, vive por esse sentimento que mil palavras não poderiam explicar, vive por tudo isso que move essa máquina que me faz te respirar, essa máquina que dizem ser meu corpo, mas que só faz sentido quando enlaça o seu, que se molda ao seu corpo, que transporta sensações, que transtorna com sensações, que existe, que resiste... Eu só quero que você saiba, no final de todas essas letras e palavras e frases que é magnífico você estar no meu mundo, e eu poder olhar no seus olhos e em troca olhado ser.

Amanhã

Viva a crise, que tudo entre em crise. que doa meus pés, que caiam pedras d'água. Que o Lula se case com o Bush. Que eu chore ainda hoje. Que você chore ainda hoje. Que briguem, que briguem. Que derretam todos os sorvetes. Que se toquem, que toque. Que silenciem as músicas. Que o precipício transborde. Que angustia! Que o Roberto Carlos engasgue. Que o Galvão engasgue. que o teatro feche. Que o espetáculo pare. Que o dia nunca acabe. Que meu sangue seque. Que o meu cabelo caia. Que meu sexo mude. Que encha de montanha as planícies. Que caiam de novo as torres gêmeas, e também o Empire State Building. Que o dia acabe. Que amanhã eu acorde, que eu consiga enxergar a grande beleza de qualquer coisa. Que meu amor ressuscite. Que eu ressuscite. Que esse texto se apague...

Um grito em silêncio

Hoje eu sentei em frente ao computador pra tentar escrever sobre o amor.. será?
Tem coisa que a gente tem que respeitar. Hoje eu tenho que ficar aqui pensando e escrevendo coisas talvez até pra explicar algo pra mim mesmo. Eu reparei que tudo que escrevo é carregado de perguntas. Mas eu acho mesmo que pra alguém escrever sobre o amor precisa mais é de respostas. O amor é óbvio. E é sorrindo que eu digo que se eu pudesse escrever sobre o amor passaria a noite inteira em claro. Vinte, trinta folhas. Eu sei que quando se ama vai muito fundo, se deixa tocar pelo vento, pára pra reparar nas flores, sonha e se satisfaz no sonho, é uma intensidade leve, dá pra entender? Cheia de sentimentos inexplicáveis, de ódio, de força, de loucura, de… É marcante, não digo que seja eterno porque não acredito nesta palavra, sei apenas que é eterno por um momento que seja.
Eu estou começando errado aqui, é o amor que leva a gente pra frente do computador. O movimento é outro, entende? não é ir pro computador pra escrever sobre tudo isso, é amar e ir pro computador por consequência. Mas já que estou aqui, então continuarei perdendo meu tempo em mais um texto pra não ser lido.
Essa necessidade que me trás até aqui também é inexplicável. Sinto até que é um pouco doentia. Na mais doce das ilusões, eu como pseudo escritor posso até curar minha insensibilidade. Acredito que essa é a minha hora, que posso chegar aqui e gritar em silêncio toda minha merda, que é aqui que posso cuspir meu horror.
Dor eu já senti, ah como eu já chorei de dor?! Chorar faz bem? É, eu estou perguntando. Chorar faz bem? Eu não sei direito falar sobre esse alívio que o choro me trás, eu sinto que é bom e que é ruim e que é bom e que é ruim também, de repente tudo vai embora em lágrimas e a gente é feliz de novo. e não tem mais nada que está nos machucando, até vir outra coisa e nos encostar na parede, e nos maltratar, e nos derrubar de novo, e a gente chorar… parece que é tudo um círculo, uma grande roda viva. Depois de tanto o que a gente tem é no máximo tudo de novo. E choro… E felicidade, e choro… agora eu queria estar chorando. Se eu estivesse chorando não estaria aqui. Estaria me aliviando, e me enganando, assim em seguida eu seria feliz eternamente por um momento que fosse. E não aqui. Com raiva do que estou escrevendo, e com raiva do que estou sentindo, e com raiva do que estou fazendo.. Deus! Aonde eu vou parar? Venha, me diga! Diga! É tudo mentira, ? Você fez os humanos pra que pudesse ter o seu próprio espetáculo de realidades, não foi?! Você nos deu vontades e arbítrio pra que a gente pudesse se depredar e se machucar. Nos ensinou que existe amor e que isso é uma das nossas necessidades básicas pra ter uma cadeira no céu, aí do seu ladinho, mas ao mesmo tempo deu-nos a escolha de amar como quisermos, mesmo que eu resolva me apaixonar pelas estrelas. Sim! Eu estou cansado. Não aguento mais... É, eu me apaixonei pela estrela! Por um momento eu fui eternamente feliz! Droga! E estou chorando agora. Aaaaaaaaaah!!!!!

Diz!

Eu nunca senti isso. Estou morrendo.
Alguém tenha a bondade de me tirar daqui. Isso, me leva. Me faz chegar no pôr do sol. Eu nunca vi o sol se pôr. Não sei como é. Eu só consigo sentir isso. É ingrato. Eu fui bom. Você tem que aprender que “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Dói.
Tem que estar perto até para parar de querer, sabia? tem que ver de perto pra saber que não gosta. Diz. Diz tudo. Eu estou aqui. Não me deixe assim! Ao menos diga. É humilhante o silêncio. O silêncio está me matando. Me matando aos poucos. Eu sou forte. Eu sei recomeçar. Fala de uma vez! Eu sou muito forte. Eu não sei mais... Eu sou forte? E se eu nunca mais conseguir gritar de novo? Não consigo mais gritar.
Amanhã vai ser melhor. Amanhã é sempre melhor. O que é verde amanhã pode ser amarelo. Amanhã a poeira não existe. A água nas ruas já secou. Aí eu posso começar tudo de novo. Partir do zero. Sou eu quem crio o meu medo. O nó na minha garganta vai sumir. Eu sou forte. vou encontrar outros momentos e outras pessoas. Voltar a viver, quem sabe? eu ainda não consigo abrir os olhos. O mundo está cheio de flores lá fora. Diz tudo! É só eu abrir a janela de novo. isso, eu vou abrir a janela, o pôr do sol, lembra? A janela... Acho que eu não… Eu não quero abrir a janela. Vou deixar ela assim fechada. Eu quero sufocar nesse mormaço. Por que você não chora por mim? Por que você não chora?

Ele-homem

Um dia, não muito distante daqui, eu vou estar parando na sua frente, essa vontade de chorar que eu estou agora, vai estar muito mais forte. Tem choro que vale. Aí eu vou te contar a história de um menino que não teve vergonha de saber gritar.
Um dia…

Picolés não existem

Eu acordo de manhã, faço um suco de limão e um de tomate. Sempre. Tomo um gole do de limão e nunca do de tomate. Quando eu era criança adorava comprar picolés, eu os achava lindos. Ficava olhando até virarem suco. e sempre só bebia. Hoje eu sou dona da minha história. Sou eu quem faz os picolés. Ponho o líquido verde e o vermelho em formas. Ponho as formas no congelador e fabrico todo dia o meu sonho. Picolés de vida. durante a tarde eu pego no congelador os que no dia anterior eu tinha posto. Olho pra eles, fico só olhando. E eles vão derretendo, escorrendo pelos meus dedos, se concentrando líquidos. Bebo os sucos coloridos, até que só tenho palitos. Assim acaba minha história do dia, com palitos. Palitos de sonhos…

Copos Quebrados

A vida a cada chance se prova cada vez mais Amarelo Manga. Aquele Amor em Vermelho tão abundante nos filmes sempre existiu somente nos filmes.
“Segure minha mão e me acompanhe pela jornada, dois serão sempre maiores que um”. Mentira. Chega de toda essa merda.
Agora as lágrimas que escorrem pela minha face não mais que desidratam minha alma tornando-a suscetível a doenças e parasitas. Um bom sorriso, dissimulado ou não, é a parede que me protege do ladrão da razão e do bom-senso. É olhando pra frente sem esperar grandes feitos ou grandes amores, encarando que o sol de hoje é o mesmo que o de ontem, e que será o mesmo que o de amanhã que um homem se constrói. É sendo egoísta que os valores têm valor. É olhando pra frente, sem sonhar ou ilusionar as coisas que se vai em frente.
Exposta toda minha verdade fica a grande dica: goste, mas não goste tanto, afinal a essência do amor é a falsidade.