sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Sozinho no quarto

De tempos em tempos eu me calo pra ver passar a tempestade. Pra ver passar a tempestade. Instala-se, assim, um silêncio absurdo.
no entanto,
ouve-se de longe o barulho marcado do relógio.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Para os que acreditam em fantasmas aqui vai o prelúdio de um sonho

Prólogo de "Delírio em Terra Quente"

Dizem que quando se morre, o primeiro minuto é o mais importante. Depois vem todos os outros, todos do mesmo tamanho... o primeiro minuto é maior que é pra ter tempo de entender que está morto. É que as pessoas falam palavras grandes antes de morrer, aí o tempo se confunde, e pra haver compreensão acaba se dilatando. Logo antes de morrer a pessoa se torna lúcida, se mete a falar coisas que, descoladas, quase não fazem sentido. As vezes são frases sérias, as vezes são banais. o interessante é que todos param, todos dão ouvidos as últimas palavras... "Saudade é o inferno dos que perderam, é a dor dos que ficaram para trás, é o gosto de morte na boca dos que continuam..."
(citação entre aspas: Pablo Neruda, trecho retirado do poema "Saudade")