Ele partiu de novo, indo não sei aonde, encontrar não sei quem. Depois de tantas despedidas, vejo que não importa pra onde ele está indo, importa simplesmente o de onde está saindo. Não há lugares mais importantes que outros, lugares melhores ou mais bonitos. Há apenas pessoas vivendo. O sentido não está na nas certezas.
Ele simplesmente partiu deixando pra trás construções inacabadas; um vazio profuuundo... A sensação de angustia forte no peito, a velha sensação.
Todos nós sabemos que não fará diferença ele ter partido. As dores não moram em lugares como as pessoas. As dores moram nas pessoas. E se eu vou, ela, a dor, vai comigo. Hoje mais cedo, eu estava pensando sobre como ele se sentia. Por que sempre está indo embora. Vejo, que há certas sensações que envelhecem com a gente. Sensações que maturam com o nosso tempo. Percebi que não existem porquês, não existe resposta. A partida não quer dizer nada, é somente mais um adeus. É sensação também.
Não acho que dores devam ser resolvidas. Não se resolve tudo. Não se resolve tudo. Apenas é necessário que tenhamos verdadeiramente a coragem de contemplar, o poder único de receber sem pretensão ou distinção. Talvez seja essa a única dádiva real.
Peço apenas que ele não parta mais, pois as pessoas que ele encontrará pelo caminho são as mesmas das quais ele se despediu.