sexta-feira, 19 de junho de 2009

Nem documento

silêncio!
silencio?
Sem lenço não!
Não, sem lenço

domingo, 14 de junho de 2009

Por essa noite

Se fizesse mesmo sentido, eu terminaria esse texto aqui, na primeira frase. Se fosse pra ser coerente, eu nem teria começado, pois tem coisa que não se diz… não se escreve.
Apenas se sente.
Mas é que hoje eu precisava tentar, se é que você me entende. Hoje, o dia começou tão estranho. E eu percebi que não se pode morrer sem ao menos tentar dizer. Essa ideia de que se está no céu, segurando diamantes, é linda, mas ainda não é o suficiente. Eu sei que tudo isso pode parecer meio piegas. Mas acho que vim aqui hoje pra ser mesmo um pouco ridículo.
Já perdi horas aqui, afim de escrever o que não se compreende. Um interminável digita e apaga, digita e apaga. Continuarei assim, por hoje, um dia diferente, aproveitando a besta oportunidade de perder horas tentando dizer o que apenas se sente.
É que…
Eu sempre te imagino, gosto de pensar em você. Não é com todo mundo que se tem a chance de ficar imaginando, imaginando, e quando se depara com a realidade, em nada difere a tal realidade do melhor imaginário do mundo. Faço isso com frequência… imagino… naquele show, naquele quarto com a samambaia, naquele momento.
É que… hoje… me bateu um medo, sabe? Medo de perder. Medo de não mais poder… uma angustia, uma falta de ar. E eu vim pra cá, sentei aqui, nessa vã esperança, de conseguir expor em texto, em corpo externo esse sentimento que é tão bom mas que sempre é tão interno. Essa coisa de necessidade do outro, entende?
A imaginação é tão real, é tão presente que quase posso tocar, quase posso sentir o cheiro, a textura doce e suave da pele macia… Falando assim pode até parecer mais do que é. Mas é que tem relações que são grandes demais pra se conter em palavras discretas, em frases sutis. Relações que são de corpo com corpo, que são como tatuagens. São íntimas e ao mesmo tempo não precisam de mais nada além de abraço quente e de colo. São talvez as únicas relações possuidoras do maior dom dos homens, a calma… a calma… a calma.
Acho que no fim é isso... Acho que no fim o que eu preciso agora é de um pouco de calma, um pouco de colo, de abraço… acho que preciso de um pouco de calma. Essa coisa de necessidade do outro.
É que... eu...
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19 de Junho de 2008
Para Lucy

sábado, 13 de junho de 2009

E nada

Muitas águas, a pequena promessa implícita foi quebrada, e nem sequer chegamos em nosso Março, minha querida. Foram águas demais. Talvez se nós tivéssemos nos rendido inocentemente ao mistério profundo, não estaria eu aqui, um pingo pingando, um pouco sozinho, estilhaço na estrada, perdido, perdido… É o fim do verão, e sempre haverá águas novas, mesmo com todos fins


Fins sutilmente se transformam em meios. [sussurrando] - E essas transformações são despudoradas, saltam aos nosso olhos…


Nunca saberemos se foram as águas que abriram seu caminho, ou se foi o caminho que tortuoso foi guiando as águas para derradeira queda. O que importa, é que nós os peixes não importamos em nada.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Somente os limpos tem direito ao assento (Cara Preta)

E lá estará ele, à maldita companhia - Seja bem vindo ao teatro [ou apenas vindo, se for o caso] - hoje, inusitadamente pouco ele pensará, será somente pulso. Acordará deste sono profundo, desta solidão; perceberá que seus iguais, além de não serem bem vistos, na maioria das vezes sequer são visto, quase sempre estão apagados na escuridão das ruas perigosas, estão em subúrbios que ele nem imagina que existem, estão por interiores à fora ou até mesmo nas favelas ou em coberturas durante a virada.

Ele se surpreenderá com a posição pouco contemplativa dos corpos que se manterão todos de pé. O regozijo, diferentemente de outros tempos, ou de em outros templos, se dará sem reconforto, será na marra, tirado do corpo sem atento. Ele sentaria se lhe fosse permitido, e que bom que não o é, às vezes a boa relação se faz em pequenas proibições; eu fico aqui pensando que se lhe fosse permitido, muita merda ele faria, assim como fazem merda aqueles que decidem sobre o permitido e o proibido.

e depois de tanto

Quando bem ele inferir, notará que faz parte daquilo que ele não vê;
que ele, por mais que pense que não, também é êla,
que ele enxerga somente pelo chifre apesar de todos os seus saberes,
ele também faz isso do moço
e que,
por fim, ele é merda impregnada, desta sociedade de bosta, onde ele se achava, no máximo, cocô, num passado distantemente navegado.

[Do dia que seria comum, e não mais será, nada ele dirá. eminente se entregará ao seu apoio, à sua fraqueza; de novo se recuperará em letras e palavras, se esconderá na sua covardia poética. Assim como o outro, que se lavará em águas limpas ao final de sua performance, ele se lavará em palavras difíceis e harmoniosas, pois por hoje ele se sentirá sujo, tal como sempre foi, mas preferiu não notar]

Desistindo

Quando se é criança o mundo significa muito mais do que realmente ele é. Quando se é criança a gente não sabe que simplesmente não precisa ir a escola se não quisermos, ninguém vai morrer por isso, temos a certeza que faz parte, que sempre foi assim e sempre será. Eu achava que toda criança acordava e ia logo tomando seu café, que toda criança reclamava quando a mãe obrigava a comer cebola. Coisa de criança achar que todo mundo come.
Sem mais nem menos, sem ninguém me perguntar, eu cresci. Com toda a críticas. Eu, farto dessa minha gnose ociosa, sem escola nem cebola, hoje percebi que a vida e o mundo não são tão interessantes assim… é tudo um tédio, perdido numa realidade estóica.
- Essa coisa de vida é assim mesmo… a gente dorme e acorda todo dia.