sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Um dia eu vou sorrir, e será sem culpa, sem causa.
Um dia a dor vai ter fim, a lágrima refrescará a face.
Dessa vez nem o bloco do eu sozinho saiu as ruas;


(Tem algo de profundo na dor que orgulha; o homem que dói é o homem que vive. A tristeza é a forma mais suja de felicidade)

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Lembra?

Nos temos as nossas verdades, mesmo que estejam mal-contadas. Não importa. Nós estávamos sozinhos o tempo todo, lembra? Trilhamos a nossa história, e eles nem viram. Eles não leram as nossas cartas, não participaram dos nossos pequenos poderes, não sentiram os nosso corações cortando o vento, quebrando medos, eles não tocaram o nosso sangue. Talves tenhamos culpa sim, talvez seja as coincidências dos nossos atos, mas sabe o que eu acho; não foi coincidência, pois nós coagimos, mesmo que em segredo. Agora, depois de tudo isso, ainda estamos ligados. Eu não lembro de uma conquista minha que não a dividimos. Edificamos uma vida inteira, e essa história se tornou maior que nós. Fomos cúmplices de crime sem culpados. O que está acontecendo?! Justamente agora que as pequinezes do tempo se foram. As pessoas [pequinezes] bobas se foram.
Nós estamos envoltos em um véu brilhante, transparente, que exorta os dedos maliciosos, que nos cuida, um véu que nos transborda uma vida de afagos, uma vida doce, de sonhos lúcidos, de confissões; um tecido tecido a dois. Fizemos um milagre fugaz; a realidade inventada. Que se desligue o nosso passado se com isso pode-se cobrir com véu o nosso futuro. Afinal, nós já somos o que nós passamos.
Se você continuar a jogar fora os símbolos do que aconteceu, ainda não terá jogado fora o que aconteceu. Pois símbolos, símbolos são.
Eles disseram que somos fracos, mas, lembre-se, eles não nos conhecem.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Amor asfixiado

Quando ela está no sofá, eu somente olho.
Se ela fosse apenas essa beleza vinicolante;
eu me embeberia, feliz, na tua presença.
Quando ela se levanta eu corro. De medo.

É que os gritos pela casa ressoam na alma.
A braveza dos seus sapatos masculinos
contrapõem
as sutís unhas pintadas de rosa e branco.
Atrás da casca uma mulher de sonhos


E no sofá, eu somente olho;
a sua beleza asfixiante.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Naturalmente simples

Andando com o pé na terra, pisando em folhas secas
rodeada de árvores grandes. Submersa numa poesia comum
sorrindo.
De blusa azul clara, short caqui, cor de terra, misturada com o chão.
bonita, nova, feia, viva... feliz.
A menina anônima num dia qualquer.
Alguém viu?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

(Des)fé

No pulsar incessante do grande relógio dos dias, onde não há ponteiros girando, há apenas as pontas esquecidas, perdidas, fedidas. Não há mais o que se fazer por aqui [nem por lá].

Isso é sobre absurdo de gente.

Porque se parar pra gritar, o grito vai consumir, definhar. E nas cinzas nada mais pode-se fazer, nada por ninguém, nada. Depois de todas estas estações gélidas, petrificantes.
Das cinzas um grito poeiriu se vai soltar, mas nada além de levantar a alergia dos homens conseguirá, nada além de tornozelos torcidos, de tempo perdido. No máximo gritos das cinzas.. poderemos chorar feito os inconformados, chorar eternamente, mas se resolvermos não chorar, nada além se fará.

Deveria ser simples como esmagar uma pulga que nos arde. Mas não, sempre não. Tudo acontece ao nosso redor, a nosso respeito, com muito despeito de desrespeito, e nada sempre, nada... nos becos sem saída tem sempre a opção de tentar pular os muros. paredes assustadoramente altas [impuláveis]. parado. Nem andamos pra onde esperam que vamos, nem voltamos, porque de caminhos percorridos já basta. De gente palidificante percorrida já basta. Acho que o melhor é seguir o conselho das mães. Tomar pra si a culpa dos erros do mundo, e comunicar com Deus pra ver se resolve.
Mesmo sem acreditar num centelho de força divina sobre os infernos humanos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

pilastra de hoje


Tem dia que a gente acorda com uma sensação ruim
o corpo cansado e
a mente estafada.
Sentindo tudo meio
à flor da pele, sabe?
E
quan
do
bam
bo
é difícil até mesmo
levantar daqui agora.
[Constância poética.]
Mas se acordarmos
bem, e simplesmente
sentirmos os pés no
Chão. O insustentável.
Criar no chão a nossa
força, sabendo (se)
no chão, enraizar.
É entrar em contato
com o que Deus fez
é ser um pouco Deus
A nossa própria pilastra.
A nossa base de profundazas, a pele viva entranhada, o dia amanhecente.
Somos como os icebergs, é no que está abaixo de nos que nos equilibramos.

[A vida humana é como a procura de algo já encontrado, é no fim de tudo, uma eterna perda de tempo]

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O meu pedaço de mundo

Cresci! De uma hora pra outra... Todo mundo se assustou.
Sabe o que eu acho? Que depois dos quarenta, ninguém mais acredita.

Matei a mulher que existia em mim e cresci mulher aos gritos. Gritei até perder a razão, gritei por uma vida inteira de silêncios desnecessários, assim, na hora errada, do jeito errado, no buteco da esquina.
A poeira levantada e eu respirando profundo, que se me engasgo, será por força.
O que dirá Manuel, o barista, à mim sequer se anuncia.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

[Um buraco no espelho]

Algumas coisas são mais intensas que parecem. Um beijo roubado. Algumas coisinhas…
Um olhar roubado.

Estou descobrindo muito, assim sem saber. Sem lente de aumento.

De repente blues mexicano. De repente seios despudorados.

Sabe de uma coisa?


- Eu perdi o medo de te dizer – dizendo –
Não estou aqui atrás de belezas bonitas. Mas estou atrás de belezas, você por um acaso pode me mostrar algum pedaço de mundo?

- Eu não te entendo, e não perdi medo nenhum – respondendo – Eu não te entendo, e não perdi medo nenhum