sexta-feira, 5 de junho de 2009

Somente os limpos tem direito ao assento (Cara Preta)

E lá estará ele, à maldita companhia - Seja bem vindo ao teatro [ou apenas vindo, se for o caso] - hoje, inusitadamente pouco ele pensará, será somente pulso. Acordará deste sono profundo, desta solidão; perceberá que seus iguais, além de não serem bem vistos, na maioria das vezes sequer são visto, quase sempre estão apagados na escuridão das ruas perigosas, estão em subúrbios que ele nem imagina que existem, estão por interiores à fora ou até mesmo nas favelas ou em coberturas durante a virada.

Ele se surpreenderá com a posição pouco contemplativa dos corpos que se manterão todos de pé. O regozijo, diferentemente de outros tempos, ou de em outros templos, se dará sem reconforto, será na marra, tirado do corpo sem atento. Ele sentaria se lhe fosse permitido, e que bom que não o é, às vezes a boa relação se faz em pequenas proibições; eu fico aqui pensando que se lhe fosse permitido, muita merda ele faria, assim como fazem merda aqueles que decidem sobre o permitido e o proibido.

e depois de tanto

Quando bem ele inferir, notará que faz parte daquilo que ele não vê;
que ele, por mais que pense que não, também é êla,
que ele enxerga somente pelo chifre apesar de todos os seus saberes,
ele também faz isso do moço
e que,
por fim, ele é merda impregnada, desta sociedade de bosta, onde ele se achava, no máximo, cocô, num passado distantemente navegado.

[Do dia que seria comum, e não mais será, nada ele dirá. eminente se entregará ao seu apoio, à sua fraqueza; de novo se recuperará em letras e palavras, se esconderá na sua covardia poética. Assim como o outro, que se lavará em águas limpas ao final de sua performance, ele se lavará em palavras difíceis e harmoniosas, pois por hoje ele se sentirá sujo, tal como sempre foi, mas preferiu não notar]

2 comentários:

  1. Dias iguais e diferentes.
    Noites comuns e inusitadas no teatro da vida com ou sem companhia, com ou sem platéia, com ou sem aplausos... O show continua....

    Abraços,
    Mai

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  2. Banqueiro15:37

    Você se lavará em uma água imunda, clamando por todo dinheiro do mundo a um Deus que conta minutos e centavos,um deus que se parece com você, um porco grunhindo no meio de moedas sujas... tão patético quanto uma cena de teatro que afirma "o que é pior? que todos estão a venda ou que o preço é tão baixo?"

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