quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu fico aqui pensando...

O vento passa e leva, o vento passeia
Passeia entre as coisas e as pessoas
o que tem de mais pesado vai sem pressa,
o que tem de mais suave, se apressa.

Pórem, cá estamos nós dois, vivos
Porque até no caminho do vento tem pedra.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Meu vício

Tem alguém aqui pronto pra falar da bizarrisse das coisas? Da beleza e superficialidade do que resta? Porque eu estou tentando parar. Na verdade, não tenho outra escolha.
Com o tempo, tudo tem a possibilidade de se tornar um vício. Preste bastante atenção nisso, pois tudo, mesmo parecendo apenas uma mania boba, tem sempre a possibilidade de se tornar um vício, bom ou pernicioso, tanto faz.
Pra ser o mais sincero possível, eu devo dizer, que o que está me acontecendo é que o que antes era um prazer infindado, agora é meu tormento. Pois não há mais o que dizer. Esgotaram-se as minhas fontes, e assim, esgotaram-se as minhas palavras. Não me expresso mais.
Não é de se surpreender que algo assim aconteça. Nunca vi nada demais nessa vida, tenho a mesma memória de qualquer homem de quarenta anos, uma vida passada sem grandes acontecimentos, sem nenhum heroísmos histórico. E minha imaginação também não é lá grande coisa assim.
O melhor que me vem, é um monte de imagens em completa desorganização, imagens que me fazem ter a ânsia de descrevê-las, mas que estão em tamanha desordem que nada posso fazer senão me render a sua loucura. E dessa loucura obscura nada se extrai.
Me encontro no fiasco do que dizer. A absoluta falta de assunto, falta de personagens, planos ou não. A plena incapacidade de matar, ou até mesmo de dar vida a alguém mirabolado, a falta de técnica, de sabedoria, a falta de vida. A falta de vida. É estranho pensar, mas tudo era a simples necessidade de falar da vida das coisas, falar dos detalhes silenciosos. Ter o relato, a descrição, o pormenor. Mirar os óculos para os pequenos âmbitos efêmeros do que não se percebe. Meu vício. Algo que construísse em si um início e um final, que tivesse num retrato, talhado em palavras, a expressão de uma ação. A busca ideal da compreensão humana. Fazer da parte, o todo, do fragmento, a completude. Isso foi ambição demais. Não tinha o direito de ser esse meu fracasso, justo o que me parecia ser o meu poder. O único lugar onde eu poderia escolher entre o sim e o não. Aonde eu tinha o verbo.
Eram nas histórias do meu mundo particular que eu mantinha o meu elo com o que não é profano, eram nas histórias os meus orgasmo espirituais, o mundo onde eu vivia e morria e vivia e morria, o canto que me refugiava da bandalheira e do oxigênio que sempre me faltava, eram nas histórias que eu me sacramentava... o único lugar onde eu não existia.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Doce declinio

De bom, nada mais sai.

O que tinha algum proveito,

foi corrompido pelo cansaço,

como a flor é esfacelada pelo vento.

O que antes era refresco agora é veneno.

E por ter, em algum momento sentido tanto calor,

agora estou eu aqui, dilacerado, vazado, entregue e desatento.