segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Pai nosso

Ele espera, o tempo pra ele passa lento, apesar da pressa que tem no coração dele. O dinheiro que um dia teve fechou pra ele as portas do paraíso, e com o tempo se tornou o inferno a sua maior busca, e infelizmente ele confudiu o inferno com o paraíso e nunca mais parou de tentar alcançar a criação e o poder que Deus tem. Pra ele o espelho tem cores heróicas enquanto ele está parado de frente, e eu que não o vejo invertido sinto a presença constante de cores tristes. Talvez ele seja o homem mais triste que já se olhou no espelho, mas o lado bom é que ele nunca na vida, na vida, na vida, vai imaginar que na verdade aquelas cores heróicas não passam do símbolo corrosivo.
“E se Deus quiser, tudo vai dar certo”. Por ironia é essa a frase que eu mais escutei dele nos últimos cinco anos. Não, não é com Deus que ele se vai a cada despedida. Mas o meu amor é incondicional. Eu amo o meu impulso poético, eu amo a minha criação abstrata. Eu sinto a minha presença lírica. E amo a cada despedida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário