domingo, 1 de março de 2009

A boca - Os olhos

É muito louco como estamos a um centímetro do erro. Se piscarmos sem atenção pode já ser tarde demais.
Hoje eu coagi a favor do erro, e o pior, sem saber de nada. Se você estivesse de acordo, eu estaria em maus-lenções, pois não há espaço pra mim na sua cama. Hoje eu me joguei no erro, fechei os olhos por tempo indeterminado e se você se permitisse eu pulava de alma, abriria seu coração por um pouco de prazer efêmero, um prazer que nasce enfermo, seu coração estaria exposto às aranhas agora.
Nada ter acontecido, talvez tenha sido o melhor aviso divino desse dia, quase funesto. E se falarmos de culpas, de divinos, não se isente, não sorria. Só chegamos até aqui por sua força também. Que Deus nos crie, mas que ponha as culpas cristãs nas pessoas de Cristo; Pára, porque eu preciso me purificar do meu desacerto d’agora. Quase quebrei meus vasos indianos, cronstruidos de barro velho, milenares.

E se você quiser eu vou, eu largo tudo e vou, escrever já não está mais me preenchendo, fodam-se todos os preenchimentos. Vamos ser vazios, vamos pra Bahia e ficar por lá. Porque hoje eu não larguei de olhar a sua boca. E mil outras vezes eu olhei também, mas nada sai de mim, não consigo te parar e dizer: vem! Nem sei mesmo se quero que venha, ao menos dizer eu queria, mas é isso que não consigo de forma alguma. Atrair: vem! Isso deve ser algum problema de cabeça, mas quer saber; eu não ligo, pouco me importo. Não quero mais perder tempo, que se antes eu disse que não preenchia, agora digo que perde meu tempo. Levanta dessa cadeira, pára de ler essa merda! Vem! Aqui que eu estou te esperando. Sozinho, sólido, inócuo, virgem. O meu corpo está quente, meus dedos estão gelados, minha vida se perde um pouco, pulo de cigarro pra cigarro, isso quando não os esqueço longelíneos no cinzeiro. Não penso mais nada, espero. Que de gente eu já estou cheio, você sabe disso. De dias eu já estou cheio. De noites também. Vem! Meu coração transborda um estalo leve e possante, dai você conseguiria ouvir, é possante. Os meus pés tremelicam e enraízam-se, pontualmente de três em três segundos. Vem! Eu não quero saber de mais nada, não quero sentir mais nada; vou me deitar esperando a hora de você chegar e me acordar com um beijo! Vem… Já mandei parar de ler essa merda! Porque agora eu sou alma precisando de alma. Hoje sou atento-tento… os olhos fecham de novo, sozinhos, exatamente como eu: sozinhos… Ve

4 comentários:

  1. Errar, acertar, levantar e seguir...
    Eis aexperiência e a única possibilidade de que o Homem constate suas medidas...

    Não há problemas em que a boca, os olhos, os pés, se enganem e cometam ou levem a erros...

    Recomeçar e seguir. Este é o nosso maior compromisso.

    Carinho,

    Mai

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  2. Não só de olhos e bocas, mas de corpos inteiros. De alma e de espírito também. De alma e de cheiro. De desejo e de verso. De vida e de entrega. De água e mergulho. De sal e de mar. De um tanto de coisas, essas suas palavras.

    Olha, elas pulsaram tanto, que pra apreender toda essa pulsação, tenho certeza que o destinatário das tuas palavras deve ter feito o mesmo que eu, desobedecendo às regras: pediu bis.

    E eu fui lendo de novo, pra encaixar as vírgulas, permutar os pontos, embaralhar os sentidos, pulsar de novo. Foi bom demais, Fabiano! Tinha um ímã nas suas palavras que eu achei ricamente bom! Se a sua intenção era atrair, pode dar-se por satisfeito: funcionou, bicho. Nem pisquei!

    Esse lance do "erro" - que na verdade eu achei um puta acerto, daqueles no ruim ou na boca do estômago - me fez lembrar de uma cena de Cidade dos Anjos. A personagem estava andando de bicicleta lá na estrada, e imersa nos seus pensamentos, no estado de prazer e sublimação, ela fecha os olhos, e quando os abre tarde demais. Bate de frente com um caminhão, se não me engano. E obviamente morre. Só que antes desse fechar de olhos teve todo um amor, um conjunto de momentos vividos intensamente, porque a personagem simplesmente se lançou de olhos fechados.

    E isso é bom. Lançar-se sem medo, de olhos fechados. Só que eu nem quero ficar falando mais, porque não cabe... Esqueça o caminhão, Fabiano! Só queria que soubesse que eu curti demais seu texto.

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  3. *daqueles no RIM ou na boca do estômago

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  4. Anônimo14:57

    Que belas palavras...lindo
    day
    menino to gostando de ler mais e mais e mais

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