quarta-feira, 14 de setembro de 2011

De promessa de ator a escritor fracassado

Amanhã é um grande dia, talvez por isso eu ainda não esteja dormindo. Tirei cópia de todos os meus documentos, todos. Foram quatro certidões de nada consta em bancos de dados de criminosos; fórum, polícia civil, polícia federal e cartório judicial. E como eu nem multa de transito tenho ainda, realmente nada constava contra mim. Tive a (falta de) sorte de, nesses quase dez anos de história com a arte, não me envolver em nenhum tipo de ação de contra cultura que terminasse em um noite na delegacia (oportunidade não faltou). Caso tivesse alguma passagem assim, provavelmente nas certidões de nada consta, constaria algo. Tirei cópia dos meus diplomas, da minha carteira de trabalho, dos meus comprovantes de votação. Se você me perguntar em quem eu votei nas eleições passadas, talvez se eu fizer um esforço sobre natural, eu consiga te dizer, mas os comprovantes eu ainda tenho. Guarde bem os seus comprovantes de votação, você pode precisar deles. É assim que funciona, se eu não tiver esses papeis nada funciona.

Agora está tudo pronto, eu munido com cópias e originais de todos os papeis que provam a minha existência legal. Amanhã, ou melhor, hoje, dia 14 de setembro de 2011, eu me apresento para iniciar o processo de posse da vaga do concurso público que prestei em 2010. Lá em 2010, quando comecei a estudar e me inscrevi nesse concurso, não fazia ideia do que poderia acontecer, do poder que isso teria sobre mim cerca de um ano depois. Vi um livro de concursos numa banca de revistas e pensei: “por que não?”. Pense bem antes de tentar uma prova de qualquer coisa, você sempre tem chance de passar. Mas as coisas são assim mesmo, pequenos acontecimentos que vão se juntando e se transformando em grandes eventos. Quando fazemos algo de grandioso esquecemos de considerar o que de pequeno também foi feito para que tudo acontecesse. Decidi tentar um concurso, comprei um livro com o conteúdo da prova, deixei um compromisso um dia, estudei um pouco mais no outro, almocei rápido para chegar na sala onde fiz a prova. Uma pequena ideia que gota a gota, transborda em uma reviravolta de vida. Eu pensei que se eu estivesse trabalhando com algo que me sustentasse eu ficaria livre para ser ator, para ser escritor. Para ser artista. “Artista”, nome mentiroso. O clima doce dessa palavra é diferente da sua realidade seca. Não há doçura em ser artista. Ser artista é seco.

Imaginando, tudo é tão mais possível. Eu gostaria muito de conseguir viver como os sonhadores que vivem num mundo de pensamentos, de projeções. Enfim, senhores... gostaria de me despedir. Roubando do seu tempo de leitura, venho somente pra me despedir. Dizer que o período da minha vida que passamos juntos, você, eu e as ideias, foi muito importante pra mim e que é eu vou sentir muita falta. Talvez eu volte, e se amanhã eu não te encontrar, que você tenha um bom dia, uma boa tarde e uma excelente noite.

2 comentários:

  1. Parabéns!!! Me conta isso, qual concurso vc passou?
    Saudades de conversar com vc...

    Beijinhos

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  2. Olá! Sou amiga da Luisa e adorei seu sinceríssimo relato. Logo postarei algo parecido, afinal, estou estudando para um concurso, movida pela estabilidade paralela que posso conseguir para continuar sendo artista e escritora.Nunca gostei muito da aridez da vida de artista, mas de fazer arte sem precisar me prostituir na doce necessidade de vender, é muito bom! Boa sorte em seu cargo, tenho certeza de que tudo o que vem, vem para melhor para quem sabe o que quer! Se quiser manter contato, entre em meu blog: www.familiafloresta.blogspot.com e conheça também minha arte www.mariadosol.kit.net

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