Hoje me ocorreu que entrei em choque por esse período desde de 23 de Abril. Apenas não respondia mais aos estímulos. Quando se tem uma experiência de vida forte, é preciso tempo pra que as outras coisas retornem ao seu peso real.
Perdi um grande amigo nesse meio tempo, um amigo que morreu pelos pulmões. A morte por asfixia é das mais simbólicas. Morrer sem ar pra respirar é morrer por algo que sempre acontece, mas que nunca nos mata. Não é sempre que se tem ar pra respirar. E cotidianamente nos perdemos coisas, perdemos pessoas. A perda faz parte da rotina, faz parte do estar vivo, mas não há o que notar, é simples, perdemos pelo caminho dia atrás de dia.
Perder um amigo é ver a felicidade enfartando. Nem sempre há saída simples pra acontecimentos simples. Deixar que os céus se acalmem parece ser o mais sensato, mesmo comigo não acreditando em sensatez. Pular do trem em movimento só faz ralar na brita. Estar em choque está compreendido exatamente entre pular e deixar-se acalmar. É como uma pausa na respiração. Só que pausar não mata por asfixia.
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