terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Serenata de verdade

Os olhos voltados pra dentro. Assim por dizer um contorcionismo ótico. Noite que desce até o meu quarto, guardando a surpresa de hoje, noite firme de estrelas cadentes que emudecem pensamentos que não sejam desejos. Eu canto e nem faço ideia do que, simplesmente canto em uma espera sem fim que havia muito tempo fazia parte de mim. É hoje, a grande noite, é sempre a última. Eu não te minto: me conforto em ser sozinha, há uma doce luz no silêncio. Conforto não tem nada a ver com felicidade. Nem precisa me dizer, eu sei que felicidade é palavra grande demais, maior que o céu que cobre o mundo todo. Mas as estrelas hoje resolveram me dizer que elas podem cortar o céu o quanto quiserem. Céu grande demais às vezes. Aprendi com o tempo que a dor tem muito a ver com céu. Virei uma formiguinha no exato momento que me deitei hoje nessa cama esperando, esperando… sempre soube que pensamento nunca foi verdade, sempre soube que olhar pra dentro é estar de olhos fechados pro mundo grande. E sempre. Duas horas da manhã, mas ainda é noite, é a madrugada da gente. Duas e quinze da manhã, mas ainda é noite, é a madrugada da gente. Acordar é só depois que se consegue dormir. É longe que eu sinto prazer. E dia nunca acaba até que o gosto de sono desperte o dia. Duas e meia da manhã é espera demais, os olhos se fecham, e não para apenas olhar pra dentro, pra me entregar aos sonhos. Aprendi a ser dócil nos sonhos, pois são eles a minha única realidade, quanto aos meus olhos estão fechados, eu estou vivendo, sem a divindade, sem a felicidade, sem a tristeza, sem o silêncio, sem som nenhum também, sem a luz, simplesmente a realidade. A minha serenata em valsas leves, levitando a abordo de um barco com asas pra única realidade. O meu ponto chave. O lugar onde palavra é grande, e céu é maior ainda, a única serenata que me é permitida. Felicidade não existe mais. Boa noite pra você. Ser dócil no sonho.

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