quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Inquieto, grito surdo


1:39 da manhã. Ainda não dormi. Já me deitei, mas ainda não dormi. Hoje sinto que só vou cair no sono quando for tarde demais. Amanhã vou trabalhar como um zumbi. Esperando pelo fim do dia pra chegar em casa e me deitar o quando antes e dormir. Dormir pra descansar o corpo que estará exaurido. Um zumbi. Não há saída. É insolúvel. Penso tanto, mas tanto que não encontro paz. É interessando pensar sobre paz, pois quanto mais eu envelheço, fica mais claro essa relação entre sono e paz. Um concreto o outro abstrato, os dois são confluentes de numa mesma corredeira. Essa inquietação, este estampido estacado do meu peito que vem comigo desde não sei quando é que me tira o sono. Ela que me põe em estado de suspensão.  Sinto que o ar que entra nos meus pulmões não chega a passar garganta abaixo. Como, inclusive, se ele não o pudesse fazer. Entra na boca, começa a passar pela minha garganta e logo vai embora, antes de alimentar meus pulmões. Como se ele não pudesse fazer isso. Absurdo. Os pulmões ansiosos sem tempo para o oxigênio. Acontece que  somente com ar nos pulmões é possível encontrar calma. Estou suspenso, vivendo um segundo plano. Vendo meu quarto de cima. Me vendo deitado na cama com o lápis na mão, com o papel apoiado nas minha magras e instáveis coxas. Ando tremendo muito nos últimos dias. Tremo pelo tanto que temo, me desculpem o trocadilho. Não relaxo. Não durmo. E amanhã, no trabalho, eu zumbi, nada estará resolvido. Nada será resolvido. As lacunas que não se preenchem.  

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